terça-feira, 6 de julho de 2010

Dia de faxina...........



Estava precisando fazer uma faxina em mim... Jogar alguns pensamentos indesejados para fora, lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados...

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.

Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões... Papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei; Joguei fora a raiva e o rancor das flores murchas que estavam dentro de um livro que não li. Olhei para meus sorrisos futuros e minhas alegrias pretendidas... E as coloquei num cantinho, bem arrumadas.

Fiquei sem paciência!... Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: Paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de um amigo, lembranças de um dia triste... Mas lá também havia outras coisas... e belas!

Um passarinho cantando na minha janela... aquela lua cor-de-prata, o pôr do sol!... Fui me encantando e me distraindo, olhando para cada uma daquelas lembranças. Sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.

Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou. Peguei aspalavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima, pois quase não as uso, e também joguei fora no mesmo instante!

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois ver o que farei com elas, se as esqueço lá mesmo ou se mando para o lixão.

Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante: o amor, a alegria, os sorrisos, um dedinho de fé para os momentos que mais precisamos... como foi bom relembrar tudo aquilo!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.

Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurada bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar... e de recomeçar...

Um comentário:

  1. Bendita é a dor que nos faz atravessar a ponte da indiferença; aquela que nos torna próximos uns dos outros.

    Vivemos tão para nós mesmos, nosso mundo, nossos interesses, que nos esquecemos com freqüência dos que estão ao nosso redor, pelo menos do que eles vivem.
    É quando surgem as dificuldades que muitas vezes acordamos, abrimos nossos olhos.

    Nunca estamos tão próximos da nossa família que quando aparecem problemas, ou quando há uma maladia. Nunca abraçamos tanto e com tanta freqüência, nunca seguramos tanto as mãos, nunca olhamos tanto nos olhos, nunca sentimos tanto que quando derramamos lágrimas juntos, esperamos juntos, oramos juntos........

    Podem-se esquecer risos compartilhados, mas nunca se esquece lágrimas compartilhadas; estas ficarão gravadas para sempre na nossa alma, no nosso coração.

    Muitas vezes quando nos sentimos distantes, algo acontece de trágico. Então voltamos, nos encontramos, falamos, até revivemos coisas que estavam bem esquecidas num cantinho empoeirado do nosso ser.

    Pode parecer estranho, mas uma perda é muitas vezes um ganho. Ganhamos em humanidade, em fraternidade. Como se fosse sempre necessário um sacrifício para uma libertação. A dor nos torna humilde nos vê pequenos e indefesos, nos reconhecemos impotentes diante de forças que não podemos controlar. Geralmente nesses momentos a família ora em uníssono.

    Seríamos nós, cristãos unidos, se não estivéssemos ligados à cruz e sofrimento de Cristo?

    Morre a semente e nasce a planta; a planta se dá e nasce a flor; a flor se dá para que outra possa ver o dia... E assim sucessivamente.

    Às vezes é necessário ver a perda de um ser querido para que possamos nos reencontrar no nosso meio, entre os nossos.

    Bendita é essa dor pela qual atravessamos... E bendita é a pessoa que, padecendo indo às vezes, nos faz reencontrar nosso elo perdido.
    Solange.

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